sábado, 17 de janeiro de 2015

Interfaces de Busca na web: quais as áreas responsáveis pelo projeto?

Apresentação


Vou iniciar essa série de posts sobre Interfaces de busca abordando um dos aspectos mais críticos de seu desenvolvimento que é a entrega de um projeto dessa complexidade a uma única área da organização.

O texto a seguir se aplica a qualquer interface de busca. Pode ser uma biblioteca digital, uma loja de varejo online, um órgão público que presta serviços e assim por diante. São conceitos universais relacionados ao desenvolvimento e metodologias de desenvolvimento de interfaces de busca na web.

É comum vermos o desenvolvimento de sistemas de informação e sua interface de busca como sendo atribuído à área de Tecnologia da Informação. Esse é um equívoco muito comum nas organizações.  Algumas empresas possuem apenas área de TI e não veem necessidade de novos recursos técnicos, como por exemplo uma biblioteca. Porém, a eficácia de um projeto desse perfil depende da visão da informação, da tecnologia, do design de interação e do público-alvo e portanto de um comitê multidisciplinar capaz de entregar um ambiente com metodologia e funcionalidades que garantam o encontro da informação e não apenas e tão somente a operacionalização do sistema de busca.

A diferença entre a busca e a encontrabilidade (findability) é outro aspecto que precisa ser internalizado e perseguido em um projeto de interface de busca. Criar indicadores, monitorar seu público-alvo, elaborar pesquisas periódicas e implementar melhorias, são algumas das regras básicas.

Áreas envolvidas no desenvolvimento


A interface de busca é planejada para o usuário e portanto vou introduzir conceitos e metodologias de Usabilidade, Ux (experiência do usuário), Design de Interação (Design Thinking) e Ciência da Informação  para abordar o tema. Considero essas três áreas como complementares à Tecnologia da Informação, vista hoje na maioria das organizações como sendo responsável por seu desenvolvimento.

Usabilidade e Ux - Usabilidade segundo a ISO 9241-210 é a capacidade de um sistema em permitir que usuários específicos atinjam metas específicas com eficácia, eficiência e satisfação em contextos específicos de uso. Já Ux (User Experience), segundo a mesma norma são as percepções e respostas dos usuários resultantes do uso e/ou antecipação do uso de um produto, sistema ou serviço.

Muitos confundem, mas são conceitos bem diferentes. Um aspecto é você se preocupar com uma interface “usável” e outro aspecto é ter certeza que o usuário está tendo uma experiência boa ao utilizá-la além de um alto grau de encontrabilidade em sua busca. 

Portanto, medir e acompanhar essas métricas são parte importante do processo de desenvolvimento permanente. 

Design de InteraçãoA disciplina compreende as necessidades do usuário e produz conceitos, soluções e designs voltados para suas necessidades, baseado no comportamento humano, na psicologia e no estudo do comportamento do usuário diante da interface. 
Seu objetivo é bem diferente de um desenvolvedor, pois não envolve dominar códigos e fazer a interface funcionar do ponto de vista operacional. O design de uma interface de busca deve ser uma experiência agradável e a visão é o órgão dos sentidos mais importante a ser trabalhado nessa questão.
Empresas que se utilizam apenas da tecnologia, fazem a interface funcionar, mas muitas vezes não resolvem a necessidade de encontrar informação. Tudo funciona, mas nada funciona
.

Ciência da Informação - Bibliotecários são profissionais da área da Ciência da Informação e têm em sua formação alguns conceitos relevantes para justificar sua participação na equipe. Segundo Rosa e Moraes(4), a definição de um vocabulário de termos padronizados visando obter consistência ao longo do conteúdo e um mapa metafórico  objetivando a representação da sua estrutura, pouparia tempo do usuário se as interfaces tivessem elementos mais padronizados, pois facilitaria a utilização e o aprendizado. 
Descrever com qualidade seus recursos informacionais (qualquer que seja sua área, objeto de um registro), padronizar a entrada de dados, criar taxonomia de navegação, rotulação (nome) nos menus, organizar a informação digital, definir relatórios e formas de representar os resultados, são pilares da arquitetura da informação e podem ser definidos por bibliotecários especialistas na área que trazem consigo conceitos fortes da Biblioteconomia e Ciência da Informação sobre o tema deste post, pois são preparados para elaborar Thesaurus que é um nível mais sofisticado de vocabulário controlado com relacionamento entre termos.

Análise heurística


Conhecer análises heurísticas e adaptá-las à sua realidade é outra dica importante. O termo avaliação heurística foi introduzido no início da década de 90 por Jakob Nielsen e Rolf Molich.  “A avaliação heurística é um método de avaliação de usabilidade onde especialistas em usabilidade (inspetores) inspecionam as características da interface (especificações, protótipos ou o produto final) e analisam se elas vão contra as heurísticas“. 


O link acima é muito útil, pois apresenta as principais heurísticas de usabilidade e dentre elas a heurística de Rosenfeld sobre busca que destaca os seguintes itens a serem avaliados:

1.     Onde está localizada a busca no ambiente?
2.     O que será pesquisado?
3.     Como posso efetuar uma pesquisa?
4.     O que encontrei?
5.     Como posso encontrar mais resultados?
6.     A busca pode ser integrada com outros componentes da interface?
7.     O que posso fazer depois de concluir minha busca?

Veja mais detalhes sobre a heurística sobre busca.

Preece  et al. (3) propõem as seguintes metas de usabilidade:


Se você deseja aprofundar o tema, siga algumas das referências que indico. A dissertação de Liriane Camargo (1) é especialmente importante para os profissionais que atuam em projeto de bibliotecas digitais.

Próxima semana continuo o papo sobre Interfaces de busca! Vou deixar para mencionar exemplos um pouco mais adiante, pois o importante é desenvolver a visão crítica do leitor para avaliarmos algumas interfaces.

Comentem, sugiram, compartilhem! Vamos trocando ideias, pois há muito por fazer nesse campo de estudo.

REFERÊNCIAS



  1. CAMARGO, Liriane Soares de Araújo de. "Arquitetura da informação para biblioteca digital personalizável." (2012).
  2. CARLOS, Vela João, et al. "O ergodesign e a engenharia de usabilidade de interfaces. como facilitadores para o usuário na busca de informações." Blucher Design Proceedings1.4 (2014): 1782-1793.
  3. PREECE,  Jennifer; ROGERS, Yvonne;  SHARP, Helen.Design de interação: além da interação  homem- computador. Porto  Alegre:Bookman, 2007.
  4. ROSA, José Guimarães Santa; MORAES,Anamaria de. Avaliação de projetos no design de interfaces.Teresópolis:2AB, 2008.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Interfaces de busca na web: existe metodologia!?


​Interfaces de busca na web


Há muito venho querendo sistematizar meu conhecimento identificando o que já existe de doutrina e elaborando uma metodologia para análise e otimização de interfaces de busca na web. 

Desde o ano de 2000, quando meu tema de dissertação de mestrado foi a busca, me deparo com interfaces pobres constatando que há muito pouco link entre as disciplinas de Usabilidade, Arquitetura da Informação, Ciência da Informação e Tecnologia. Mesmo o Google, mestre da busca, no momento de apresentar sua busca avançada e o resultado de busca, peca em diversos aspectos relacionados à estratégia de busca e representação da informação.


Algoritmos - Onde o Google é muito melhor que os demais buscadores? 

O Google é muito melhor na inteligência de seus algoritmos e não na representação da informação.​
Seus algoritmos entendem que duas palavras próximas podem ser palavras compostas. Muitos buscadores não entendem e exigem a aspas para encontrar. Esse é apenas um exemplo, mas vamos explorar mais essas diferenças e descobrir, dentre muitas questões, como avaliar um motor de busca para seu ambiente digital.


Pois bem, esse post tem o objetivo de abrir essa frente de debate em meu blog e começarmos juntos a pensar o que poderia ser desenvolvido para tornar a busca uma experiência surpreendente para seu cliente​/internauta. 


Vamos juntos construir esse roteiro e mudar esse paradigma? Vamos nos conscientizar que sem uma interface ​de busca ​adequada não é possível acessar todo o esforço empenhado na descrição de recursos informacionais? Vamos identificar quem são os papas do assunto e introduzir uma palavra-chave desde já em nosso vocabulário?


Findability -  A arte de ENCONTRAR a informação!
"
What We Find Changes Who We Become" (O que encontramos nos modifica.)

Peter Morville, referência máxima em minha dissertação, escreveu um livro com esse tema e bate na tecla: Buscar NÃO é a mesma coisa que ENCONTRAR. Quando encontramos o que buscamos a sensação é mais ou menos igual (guardada as devidas proporções...rs) a encontrar a alma gêmea. Sentimos a emoção e é essa emoção que devemos perseguir para encantar e surpreender nosso cliente/internauta.



Vamos juntos percorrer essa série de posts que começam aqui e uma vez por semana irão evoluindo até descobrirmos e chegarmos em um roteiro que auxilie as bibliotecas digitais, os repositórios na web e as informações nas bases de dados a se transformarem em um caminho ao conhecimento! 

O que acontece quando encontramos a informação!
Conto com sua experiência, crítica, apoio e interesse!

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