domingo, 25 de maio de 2014

Web (-) 2.0: a colaboração sumiu nas redes sociais!? Responda por favor!


 

Colaboração!?

Web negativa? Web (-) 2.0? Como assim? Este post aborda as práticas de colaboração e não-colaboração nas redes sociais do ponto de vista de minha experiência.  Transito por um universo bastante amplo em várias redes, grupos e perfis pessoais e meu foco profissional é em ambientes de gestão e tecnologia. Então a pergunta que me fiz e divido com vocês é: você está conseguindo surfar na onda da colaboração?


Na época em que surgiu a expressão colaboração como sinônimo de Web 2.0, por volta de 2003, explodiram canais com possibilidade de rankear, favoritar, comentar e compartilhar conteúdos. A socialização prometia ser uma experiência única em termos de troca em um ambiente digital.


Com a proliferação e pulverização de canais de comunicação e redes sociais, muitos espaços surgiram com a mesma linha editorial, a mesmice aumentou muito e o tempo, que desde o surgimento da Internet, começou a ser administrado de outra forma, passou a ser escasso e portanto veio a sensação de estar passando mais rápido. 


Tenho observado que cada vez menos as pessoas leem um post ou assistem um video postado em sua redei e mesmo assim curtem por conta de um "pacto social". Ou seja, me curta que eu te curto. Tipo, “passei por aqui”. Há uma moeda invisível na Internet, uma troca de favores interessante com a intenção de se tornar mais popular.


Mas qual é o indicador de sucesso de uma página no Facebook, no Linkedin, em um blog ou Twitter? Sabe-se que os likes não são um indicador confiável, podem ser comprados, mas é difícil comprar comentários (pelo menos por enquanto). Mas só comentários do tipo “gostei muito!” é colaboração?

 
Você colabora de fato nas redes sociais?
O compartilhamento já é um grau acima do like, pois mostra um envolvimento, uma identificação e uma chance muito maior de ser visto ou lido e mais que isso, prova, ou pelo menos aumentam as chances de que a pessoa de fato leu o que você postou. Mas compartilhamento não é colaboração.


Colaboração vemos muito pouco. A exceção fica por conta de espaços mais focados, páginas fechadas de grupos e conteúdos mais centrados. Existem muitos blogs e páginas bombando de comentários, mas não é a média e mesmo assim fica a pergunta: qual a diferença entre comentar e colaborar? A colaboração se dá quando o comentário enriquece o assunto, fomenta o debate, aumenta a informação e gera mais conhecimento. Um Wiki é um bom exemplo. Não há wiki sem colaboração e o exemplo máximo é a Wikipédia, mas existem muitos projetos sociais no Brasil utilizando wikis maravilhosos!


Pesquisando na Internet não encontrei nenhum indicador sobre comentários em redes sociais. Difícil, não? Haja inteligência artificial e web semântica para detectar se um post colabora ou apenas parabeniza, critíca o post ou simplesmente comenta algo.


Responda por favor!


Curtir não é uma característica da web 2.0. Curtir é algo que fazemos há muito tempo. Se formos nos basear pelas páginas mais curtidas do Facebool no Brasil segundo fonte da Tecnomundo a top page é da Guaraná Antarctica com 15.938 milhões de likes. E daí, dizem os conteudistas na web. Fujam dos likes, não se prendam a eles, quantidade de curtidas não é sinônimo de sucesso. Sinônimo de sucesso é a capacidade que uma empresa tem de se reinventar a partir da colaboração de seus seguidores.


Então observamos que muitos textos bacanas, muitos post de perfis públicos ficam à deriva. Sem comentários, muitas vezes sem like e o que é pior, sem resposta! Por diversas vezes fiz comentários em páginas do Facebook e não recebi resposta. Muitos usam a rede social como uma mão de via única. Publicam, disseminam, torcem para que viralize, mas não sustentam a página e não interagem com seu público. Mesmo figuras públicas que certamente contratam alguém para publicar conteúdo, não respondem aos comentários e deixam o seguidor falando sozinho, ou os seguidores falando entre eles sem moderação.

Linkedin


Nos grupos do Linkedin existe uma peculiaridade, como tem a figura do moderador, ele pode ou não deixar as postagens abertas e muitas vezes não tem tempo de moderar. O que ocorre nessa situação é o aumento de SPAM sem controle e muitas vezes o autor do SPAM torna-se o principal conteudista com direito a destaque com foto, pois supostamente ele foi quem mais comentou no grupo.

Não existem indicadores de qualificação de comentários. Um agradecimento, um pedido ou um OK, não são necessariamente comentários. Ou seja, o que questiono, e por isso deixo (-) 2.0 no título, é o que existe de fato na Web 2.0? Muita oportunidade de se adquirir informação e internalizar conhecimento, mas pouquíssima governança e/ou cultura por parte do usuário para de fato extrair o melhor desse face to face (olha o trocadilho..rs).

Portanto, curtir, comentar, compartilhar e colaborar são ações distintas e devem ser perseguidas conforme a estratégia de cada empresa. Mas nunca deixe de responder, pois esse é um cuidado essencial para criar a via de mão de mão dupla.


Qual a sua experiência sobre esse tema?

domingo, 18 de maio de 2014

Tecnologias para a Gestão Documental dependem do tempero.

Sobre o tempero


Nicholas Carr é um escritor americano polêmico e crítico sobre o universo da Internet e questiona a tecnologia em praticamente todos os seus textos. O considero uma referência importante para o fenômeno da apologia à tecnologia que existe no Brasil. Gosto muito de suas provocações que me fazem pensar “out of the box” e ver de forma crítica as soluções tecnológicas e os investimentos nessa área nas organizações.

Muitos projetos fracassam porque organizações depositam o sucesso do projeto na tecnologia, por ela ser consagrada ou por ter sido implantada em determinada organização ou porque existem diversos cases de sucesso ou mesmo porque o concorrente a adotou. Não pensam na informação a ser tratada, em suas necessidades estratégicas e no custo total do projeto. Acreditam que uma customização básica e um suporte na instalação serão suficientes para extrair todos os seus benefícios. 


Em seu artigo clássico, “A TI já não importa”, Carr* faz algumas analogias impactantes e trata a TI como uma commodity, destacando o tempero da salada como sendo o diferencial do prato. Faz duras críticas a essa visão que existe da TI nas empresas e provoca muitas discussões que reverberam até hoje. 

Comparando o estilo do autor com os diversos artigos que leio da área de TI, observo que muitos autores continuam destacando a TI como a solução para o caos informacional nas organizações sem abordar o tratamento da informação necessário para a obtenção de resultados eficazes.

É muito comum ouvir a frase: “não existe gestão documental sem TI”, mas afirmo que o inverso também é verdadeiro.
Impossível obter resultados sem tratar a informação.

Não existe uma verdade única. Existe a melhor solução para cada ambiente organizacional, respeitando-se sua cultura e sua missão. Ou seja, o tempero será o diferencial na arquitetura corporativa e não a TI em si. O que percebo que falta é incluir o tratamento da informação na solução corporativa.

Não me agrada pensar em soluções padrão de mercado para o caos informacional. Decidir sobre essa ou aquela tecnologia porque o concorrente a elegeu ou porque ela é líder de mercado ou por estar no quadrante mágico do Gartner.

Cuidado, você pode ter concorrentes com estratégias diferenciadas e nesse caso a informação tem de ser tratada de forma diferente. Portanto, a visão sistêmica, a personalização em um projeto de gestão documental com resultados que apóiem a tomada de decisão, são fatores críticos de sucesso.

Não adianta ter um GED (Gerenciamento Eletrônico de Documentos), um ECM (Enterprise Content Management), ou apenas uma rede com pastas nomeadas aleatoriamente se não houver metodologia, técnicas, padrão, governança sobre a informação e principalmente clareza sobre o que se deseja obter como resultado.

Um documento, em qualquer suporte, registra uma informação que deve ser tratada com rigor na organização e na gestão documental. A tecnologia por si só não resolve essa questão e Carr já falava disso em seu artigo de 2003.

A receita


Fazendo uma analogia ao artigo de Carr, o tempero à tecnologia seria o tratamento da informação contida em documentos. E como temperar o tratamento da informação? Lá vai a receita: coloque 1 colher de sopa de formatos-padrão de metadados, 1 xícara de chá de controle de vocabulário, 2 pitadas de rigor semântico nos termos, uma boa dose de capricho na interface de busca com busca avançada, mexa com uma ferramenta de busca robusta e uma taxonomia na cobertura. Leve ao forno e experimente antes de apagá-lo para validar os resultados que você esperava. Na equipe de cozinha tem que ter pelo menos um profissional de TI e outro de Ciência da Informação. Caso contrário a receita ficará sem tempero.

Claro que uma receita é um conhecimento tácito e não explícito, pois quando falo de uma pitado, um bocado, ou ferramenta robusta, são ingredientes sem muita precisão, mas essa é a missão da equipe: ajustar a receita para que ela fique no ponto.

Não fique assim. Tempere sua TI!
Tanto a TI quanto a gestão documental são meios de se conquistar um objetivo. Um projeto que envolva seleção de tecnologias para a gestão documental tem de partir do dado, chegar na informação, gerar conhecimento e conquistar resultados.

Caso queira conhecer mais sobre o autor, vejam seu blog.

* CARR, Nicholas G. TI já não importa. Rev. Harvard Business Review Basil , p. 03 a 10,Maio.2003.