terça-feira, 25 de setembro de 2012

Ciclo da gestão do conhecimento pessoal: processo de inteligência coletiva


A partir de uma apresentação de Pierre Levy no 3o. Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação em 2010, destaco os passos do ciclo de gestão do conhecimento pessoal apresentado pelo autor e comento cada um deles para reforçar seu entendimento. 

Como podemos aprender de forma coletiva? Os passos a seguir ajudam a construir um caminho.

Saímos de um modelo informacional unidirecional onde não questionávamos o que recebíamos e tínhamos de acreditar que aquela informação era verdadeira.
A partir da Internet e do mundo em rede, precisamos adquirir novas competências informacionais e passar a gerenciar nosso ciclo da gestão do conhecimento. Na visão de Pierre Levy, esse ciclo passa pelas seguintes etapas:

1. A gestão da atenção - É preciso desenvolver uma visão sistêmica, definir o foco, as áreas de expertise, evitar distrações e saber o que se quer aprender.  É muito importante explicitar essa questão e confiar em suas escolhas, pois as armadilhas informacionais são muitas!

2. Conectar-se a fontes valiosas - estabeleça um fluxo informacional pessoal e institucional. Nao se trata de definir plataforma. O ambiente é multiplataforma. O importante são as conexões que você estabelece entre as fontes de informação. É fundamental desenvolver a competência e a crítica para saber o que é importante, o que é verdadeiro e o que é relevante.

3. Coletar e filtrar  informações -  O resultado da conexão que você estabelecer irá trazer uma quantidade relevante de informações que deverão ser filtradas e refiltradas até que seja possível identificar apenas aquelas que sua  mente dá o alerta e indica como sendo relevantes.

4. Categorizar - Nossa memória é baseada na categorização. É muito importante criar categorias, taxonomia (hierarquizar os temas), atribuir palavras-chave, enfim, utilizar recursos que permitam localizar a informação de forma lógica.
Nao somos mais profissionais apenas consumidores de informação, somos também produtores e portanto precisamos aprender a organizá-la.
Existem muitas formas de se categorizar informaçao na web. Existem, por exemplo, as hashtags (#) no Tweeter, as tags em ambientes digtiais 2.0, os favoritos compartilhados (social bookmarks) e tantos outros que são possíveis utilizar para facilitar esse processo. Basta escolher um recursos e aplicar uma lógica.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A Amazon e o mercado editorial brasileiro



Para onde foi a Amazon?
O que será que aconteceu com Amazon que já tinha data certa para chegar no Brasil nesse ano e deu meia volta alegando não ter encontrado um espaço para implantar sua logística de entrega? Outros motivos parece que contribuíram para essa tomada de decisão.

Assistindo um vídeo com Walter Longo, profissional da área de marketing complexo para ser apresentado,  ouvi duas frases que repito aqui, pois cabem no contexto deste post. "É preciso ter alma digital e não arma digital"e o paradigma mudou: "Antes jogávamos boliche, onde a bola ia numa só direção e hoje jogamos fliperama, pois não sabemos pra que lado vai a bola e em que velocidade ela volta". Estamos também migrando de um mundo linear onde os múltiplos de 2 eram 2, 4, 8...etc para um mundo exponencial onde depois do 2 pode vir o 32, o 64 ou qualquer outro número.

Modelo de negócio editorial
Esse momento reflete o desafio das organizações e explica em parte o que está acontecendo com a Amazon que não vem mais para o Brasil nesse ano. Nosso mercado editorial não está preparado para tantas mudanças e inovações. Ele ainda aposta no consumidor tradicional e está deitado em berço esplêndido com um lucro garantido nesse velho modelo de negócio. Mas em tempos de nova economia, de economia criativa, de inovação e redes sociais, será muito difícil esse modelo se sustentar por muito mais tempo.

A Amazon recuou, pois foi agressiva demais e o mercado editorial brasileiro não compactuou, mas nos EUA ela não cansa de inovar e acaba de lançar seriados digitais onde o consumidor paga muito pouco e vai lendo por capítulos que vão sendo escritos. Ou seja, o modelo de escrever e vender um livro, inclusive o modelo de emprestar um livro digital, está sendo reinventado.

Mercado Brasileiro
Outro fator que atrai empresas estrangeiras são os números. Além da Amazon, o Google e a Apple também querem vender livros digitais no Brasil. Segundo a Câmara Brasileira do Livro. hoje são cerca de 10.000 títulos de ebooks comparados com quase 1 milhão de títulos americanos. Nas maiores livrarias do Brasil as vendas de ebook vem crescendo a taxas de mais de 150% ao ano o que vem atraindo investidores.


E onde ganhamos com isso? Vamos ganhar em todos os sentidos, pois os e-books estão se popularizando rapidamente e o Google também está entrando nesse mercado. Os preços baixarão muito, pois o modelo permitirá a venda com escala (muito mais quantidade). É o efeito da cauda longa, livro de Chris Anderson, garantindo o sucesso da Amazon que ganha fôlego para inovar. Como a inovação é a alma da sustentabilidade não há dúvidas de que no próximo ano começaremos a escrever uma nova história sobre a inovação no mercado editorial brasileiro.

E as Bibliotecas?

Comprar e-book? Aumentar espaço? Rever modelo de empréstimo? Repensar tecnologia? Sim, tudo isso e mais um pouco. Com essas mudanças que virão em breve as bibliotecas físicas principalmente, terão de repensar suas estratégias, seus orçamentos e seus acervos. São tempos de muitos desafios, pois na certa ninguém sabe mais para onde vamos. A mudança passou a fazer parte de nosso cotidiano e o presente nada mais é que um milésimo de segundo. O restante do tempo é um passado que não nos dá dica e um futuro que promete muitas emoções.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Por que a informação depende do dado?

Onde está a informação?



Fonte: gnuisnotunix.wordpress.com
Tem hora que o Google não resolve.
Tudo perde o sentido mesmo.


Todos buscam informação. Aliás, informação é o que não falta nos dias de hoje. O que falta são duas coisas fundamentais: dados com qualidade e uma interface de busca eficaz, capaz de encontrar a informação buscada.
Como hoje dependemos exclusivamente de sistemas de informação para recuperar qualquer tipo de informação, estamos completamente dependentes do dado. O dado é o rei em um sistema de informação e em qualquer nível organizacional: operacional, gerencial ou estratégico, é preciso planejar muito bem quais serão os dados inseridos no sistema de informação utilizado para a organização poder obter informação, tomar decisões, gerar conhecimento e estimular a inovação. Fala-se muito em inovação, mas se não houver um sistema de organização e recuperação de dados, qualquer estratégia organizacional fica comprometida.

Como sair do zero? Dependendo do tipo de informação a ser tratada existem alguns formatos-padrão que auxiliam na direção da sistematização dos dados. Um padrão muito conhecido e utilizado na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação é o Dublin Core , formato-padrão para qualquer tipo de objeto digital, composto de 15 elementos básicos e 3 qualificados que podem ser adaptados e utilizados como ponto de partida. O padrão é muito utilizado por bibliotecas digitais, mas pode ser utilizado para qualquer tipo de recurso informacional sendo possível acrescentar outros campos.
Qualquer que seja o conteúdo a ser descrito em um sistema de informação faz-se necessário uma pesquisa de melhores práticas para que a descrição possa ser de qualidade, não omitindo nenhum dado relevante e assim permitindo que os dados se convertam em informação.

O que é importante pensar antes dos dados? Antes de projetar e definir os dados em um sistema de informação, é preciso saber o que queremos recuperar? Que informações e que relatórios serão úteis na saída de dados? Só com base nessa clareza é possível se projetar os campos onde iremos alimentar os metadados. 
A interface de busca é um gargalo em inúmeros sistemas de informação. Escreverei um próximo post só sobre esse assunto. Normalmente ela não é projetada a permitir o encontro de informações relevantes, não é pensada de forma estratégica e acaba não convertendo dados em informação, comprometendo relatórios gerenciais, pois esses não foram pensados no início do projeto.

E o conhecimento? O conhecimento é adquirido a partir da internalização da informação, a partir do momento em que ela fez sentido.  Dados que geram significado, que agregam valor e tem qualidade, que são recuperados a partir de uma interface de busca inteligente, produzem informação, geram conhecimento no capital humano e despertam a inovação, tão importante para manter a competitividade organizacional.

O desafio é enorme e nem falei do Bigdata, da explosão da informação e do conhecimento que está migrando para as redes sociais.  O que você acha? Qual é a sua experiência? Compartilhe aqui!